domingo, 29 de janeiro de 2012

INTRODUÇÃO À ÉTICA NA COMPUTAÇÃO


Prof. Ms. Roger Moko Yabiku

As novas tecnologias, principalmente as computacionais, revolucionaram a maneira como se vive atualmente. Trata-se de um novo mundo com fronteiras nem bem tanto delineadas, cujos limites de conduta situam-se numa zona cinzenta à espera de esclarecimento.
O estudo da ética na computação é algo que ainda suscita muitas dúvidas. O comportamento tido como ético é fundamental para que uma profissão seja reconhecida, a exemplo da medicina, da engenharia e da advocacia, por exemplo.
A área dos profissionais de computação e de tecnologia da informação é relativamente nova, portanto, em evolução maior que as dos demais profissionais, o que se espelha, inclusive, em códigos de conduta profissional que, ainda, carecem de maior amadurecimento.
A cada inovação tecnológica, novos desafios surgem, transformando o comportamento da sociedade. É comum, hoje, se falar em hackers, vírus de computador, propriedade de software, engenharia reversa, privacidade de dados, entre outras terminologias, alerta Paulo César Masiero, no livro “Ética na computação” (Edusp, 2000, p. 19).
Quais diretrizes de parâmetro para decidir o que é o ético, ou não? Masiero (p. 19) cita as diretrizes informais de Kallman e Grillo:


* O teste da família. Você se sentiria confortável ou contar suas ações e decisões par os membros mais próximos da sua família?


* O teste do repórter investigativo. Como suas ações apareceriam se comentadas em um programa noticiário da televisão ou em um jornal?


* O teste do sentimento. Como você se sente com a decisão? Se você se sente intranqüilo em relação a uma decisão ou ação, mas não consegue entender por quê, sua intuição está dizendo a você que essa não é a coisa certa a fazer.


* O teste da empatia. Como a sua decisão lhe pareceria se você se colocasse na posição de outra pessoa? Como ela pareceria para outras pessoas afetadas pela decisão? Essa diretriz também é conhecida como a regra de ouro: faça aos outros o que você quer para si.”






Há, inclusive, princípios éticos gerais arraigados na cultura humana, lembra Masielo (p. 19-20), interpretando Laudon e Laudon:


- Imperativo categórico de Immanuel Kant: se uma ação não é correta para uma pessoa, então, não é correta para todas as pessoas. Uma ação que não seja correta para alguém pode inviabilizar uma organização ou sociedade se todos a praticarem.


- Regra da mudança de Descartes: se uma ação não pode ser realizada repetidamente, então não é correta que o seja em qualquer momento.Uma ação pode produzir uma pequena mudança que é aceitável ou inaceitável no longo prazo (...)


- Princípio da aversão ao risco: escolha a ação que produza o menor mal ou o menor custo potencial. Deve-se evitar ações com alto custo em caso de falha e que tenham probabilidade moderada a alta de ocorrer. Um exemplo de ação com custo de falha extremamente alto e com baixa probabilidade de ocorrência é a construção de uma usina nuclear em área urbana e um acidente. Uma ação com alto custo de falha e probabilidade moderada é dirigir em alta velocidade e se acidentar.


- Nada é de graça: todos os objetos tangíveis e intangíveis pertencem a alguém, a menos que haja uma declaração em contrário. Se esse objeto for útil para você, deve assumir que o proprietário quer alguma compensação para permitir o uso.”


Como é de se perceber, o comportamento eticamente adequado conflita diretamente com os interesses de curto prazo. Agir eticamente, portanto, não é fácil. Não basta uma equação ou jogar dados num programa de computador para que se tenha uma única e inexorável resposta correta. Trata-se de um aprendizado pela vivência, uma sabedoria prática, como diriam os gregos antigos, uma forma de vida que vai além dos simples códigos de ética.

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